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Pedro Vieira Baptista

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Vaginose citolítica

A vaginose citolítica é uma condição comum em mulheres em idade fértil, ainda que pouco conhecida. Caracteriza-se, sobretudo, por ardor. As queixas são frequentemente cíclicas e a confusão com a candidíase vulvovaginal recorrente é comum.

Do ponto de vista microscópico, caracteriza-se por um crescimento excessivo de lactobacilos (as bactérias normalmente consideradas benéficas e protectoras da vagina) e por lise (destruição) das células do epitélio vaginal. Não é claro, contudo, se os lactobacilos são os causadores deste quadro ou se haverá outros motivos subjacentes.

Sintomas

Os principais sintomas da vaginose citolítica incluem:

- Ardor vulvar, frequentemente cíclico (agravemento após a ovulação e melhoria com a menstruação);

- Corrimento vaginal esbranquiçado, por vezes grumoso, com cheiro ácido ou avinagrado;

- Sensação de ardor ao urinar e, sobretudo, pós-miccional;

- Desconforto ou dor durante as relações sexuais.

 

Prevalência

Embora seja menos conhecida do que outras formas de vaginite, alguns estudos indicam que a vaginose citolítica pode afetar uma percentagem considerável de mulheres com sintomas de infecção vaginal. Estudos realizados em diferentes populações mostram que a sua incidência pode variar entre os 5% e os 10% em mulheres sintomáticas.

O padrão citolítico é comum e desejável na gravidez – não se associando nesta fase a sintomatologia (mesmo nas mulheres que o eram previamente).

 

Causas

Não se sabe exatamente o motivo peloo qual algumas mulheres desenvolvem vaginose citolítica.

 

Diagnóstico

O diagnóstico da vaginose citolítica é realizado através do exame microscópico a fresco do corrimento vaginal.

O pH vaginal é inferior a 4.5, em oposição ao que acontece na vaginose bacteriana, onde o pH é mais elevado.

As culturas bacterianas não são úteis; as fúngicas podem sê-lo, para excluir que haja uma sobreposição dos dois quadros.

Não há indicação para realização de testes moleculares (PCR ou NGS), dado não haver validação de tais técnicas para este diagnóstico.

 

Tratamento

Actualmente, o tratamento é meramente sintomático e baseia-se no tamponamento com bicarbonato de sódio (banhos de assento ou irrigações).

Nalguns casos podem ser usados antibióticos – mas tal reserva-se para casos com limitada resposta ao bicarbonato de sódio.

Não há indicação para utilizar pré ou probióticos, dada a ineficácia dos mesmos.

O tratamento não deve ser iniciado sem confirmação do diagnóstico!

Prognóstico

A maior parte dos casos resolve espontaneamente, embora possa ocorrer apenas ao fim de vários anos.

No limite, os sintomas desaparecem na menopausa (podendo voltar com a utilização de terapêutica hormonal).

Não há evidência de que este quadro se associe a risco de infertilidade, aquisição de infecções de transmissão sexual ou cancro.

Referências

Vieira-Baptista, P., Stockdale, C. K., & Sobel, J. (2023). International Society for the Study of Vulvovaginal Disease recommendations for the diagnosis and treatment of vaginitis. Lisbon: Admedic.

 

Vieira-Baptista P, Ventolini G, et al., Other Forms of Vaginitis (Aerobic Vaginitis/Desquamative Inflammatory Vaginitis, Cytolytic Vaginosis, Leptothrix). Glob Libr Women's Med

ISSN: 1756-2228; DOI 10.3843/GLOWM.419933

 

Kraut R, Carvallo FD, Golonka R, Campbell SM, Rehmani A, Babenko O, Lee MC, Vieira-Baptista P. Scoping review of cytolytic vaginosis literature. PLoS One. 2023 Jan 26;18(1):e0280954. doi: 10.1371/journal.pone.0280954. PMID: 36701339; PMCID: PMC9879469.

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